Uma breve reportagem do Hotelier News em que o Presidente e CEO do SAHIC Group, Arturo García Rosa, explora o dinâmico e em constante evolução setor da hospitalidade na América Latina e no Caribe. Nossa gratidão ao Vinicius Medeiros e à Nayara Matteis por proporcionarem essa conversa enriquecedora!

Três perguntas para: Arturo Garcia Rosa

por Nayara Matteis, Hotelier News | 20/01/2025

CEO e presidente do Grupo SAHIC, Arturo Garcia Rosa é formado em Administração pela Universidade de Buenos Aires. Com ampla experiência no setor hoteleiro, o executivo compartilhou seus insights sobre os principais desafios da hotelaria para 2025 no Três perguntas para.

Este ano, o SAHIC Latin America and The Caribbean desembarca em solo brasileiro para mais uma edição. O evento, que acontecerá entre os dias 24 e 25 de março, no Fairmont Rio Copacabana, no Rio de Janeiro, reunirá cerca de 350 executivos, entre investidores, fundos de investimentos, instituições financeiras, hoteleiros e entes públicos. 

Para aquecer os motores para a 19ª edição, Garcia Rosa ainda falou sobre os empecilhos dos juros no desenvolvimento de novos projetos, além de diferentes modelos de hospedagem, como condo-hotéis, branded residences e fracionados.

No evento brasileiro, são esperados players de mais de 15 países com reais interesses de investir no mercado latino-americano e caribenho. As incrições estão abertas no link.

Três perguntas para: Arturo Garcia Rosa

Hotelier News: O setor hoteleiro vive um bom momento, impulsionado pela recuperação das diárias a nível global, após anos difíceis de pandemia. Na sua avaliação, quais são as perspectivas para 2025? O que esperar?

Arturo Garcia Rosa: 2025 será, sem dúvida, o ano de crescimento da hotelaria em toda a região, depois de 2024 em que o segmento atingiu os patamares de 2019 e, em muitos destinos, os superou, a ponto de em alguns deles, como o Brasil, e em destinos específicos, como o Rio de Janeiro, apresentarem crescimento ano a ano particularmente robusto em comparação a 2023.

Os movimentos que levaram a isso são claros. O comportamento do viajante mudou e investidores e hoteleiros já estão cientes disso. As viagens de negócios, reuniões, convenções e incentivos voltaram aos níveis pré-pandemia e há uma tendência de viajar mais ao longo do ano com o turista buscando mais relaxamento, uma vez que ele passou a ver as viagens de lazer como uma necessidade.

Além disso, requer mais conveniências, como encontrar tudo em um só lugar, e os investimentos já começam a aparecer com consistência e volume. Ou seja, as perspectivas parecem sólidas para os próximos seis ou sete anos.

Um relatório recente da Lodging Econometrics mostrou que a região da América Latina e do Caribe tem mais de 600 novos projetos de desenvolvimento hoteleiro em andamento, em diferentes estágios. Isso representa crescimento de cerca de 10% em relação ao mesmo período de 2023. E o segmento de luxo se destaca claramente nesse avanço.

Quando analisamos os países, Brasil e México se destacam, além da República Dominicana, que fechará 2024 com 11 milhões de visitantes estrangeiros. Ou seja, tudo leva a uma onda singular de desenvolvimento que veremos se expandir em muitos destinos da região.

HN: Apesar do bom momento, a indústria hoteleira enfrenta desafios na América Latina no desenvolvimento de novos hotéis devido às altas taxas de juros. Diante disso, onde estão as oportunidades de mercado para investidores hoteleiros? Quais são os produtos e segmentos hoteleiros (categorias de hotéis) de maior sucesso?

AGR: O mercado latino-americano aprendeu a conviver com desafios e isso torna a região muito resiliente em relação a situações político-econômicas. No entanto, a América Latina e o Caribe estão na mira de todas as grandes redes hoteleiras globais e, consequentemente, dos investidores. E a explicação é simples: a região é muito atrativa e tem grande potencial para absorver novos viajantes. Ou seja, esse movimento vem aliado a uma boa oferta de destinos e uma oportunidade única de investimento, que são acompanhados de incentivos de diferentes localidades. 

Os governos veem cada vez mais o turismo como uma fonte de crescimento e os países da região estão investindo cada vez mais em promoção. Os viajantes estrangeiros, que investem mais nos destinos, estão se colocando em posição de destaque e os movimentos para Estados Unidos, Europa e Ásia estão cada vez mais pronunciados.

A região como um todo se consagra como um reforço, mas Brasil, México e República Dominicana se destacam, sem esquecer destinos que estão trabalhando muito e atrairão novos investimentos nos próximos tempos, alguns com trabalho sustentado por anos como é o caso da Colômbia, Barbados, Jamaica e Porto Rico, entre outros, e alguns que o fazem há menos tempo, mas com o mesmo profissionalismo e dedicação, como Equador, Panamá, Chile, para citar alguns.

HN: Com os juros mais altos, os desenvolvedores precisam ser mais criativos para viabilizar projetos hoteleiros. Com isso, o fractional e o condo-hotel vêm ganhando espaço no mercado latino-americano, assim como as branded residences. Esses produtos vieram para ficar? Por quê?

AGR: Os incorporadores imobiliários sempre precisam estar alavancados para executar seus projetos, normalmente com pré-venda de unidades e, além disso, com suporte de crédito bancário. O aumento das taxas de juros fará, sem dúvida, com que o acesso ao crédito em períodos de juros altos seja visto como uma variante que encarecerá os negócios.

Em alguns mercados, os hotéis-condomínio ou fundos já são uma variante muito madura, sendo grande parte da oferta hoteleira estruturada dessa forma. Essa prática, cada vez mais profissionalizada, dinamiza o desenvolvimento da oferta, pois o crescimento da demanda pós-pandemia está exigindo em cada vez mais mercados da região.

A sinergia entre hotéis e residências de marca tem demonstrado crescente aceitação pelo mercado consumidor e, como tal, a estruturação financeira via condomínio-hotel e/ou trust dependendo dos mercados, aliada às residências de marca será algo que continuaremos a ver por muito tempo.

Com o passar do tempo, os fracassos do condo-hotel no início da sua constituição como variante de desenvolvimento e a profissionalização subsequente que trouxe esses fracassos, levaram-nos a esta fase em que o modelo é uma alternativa muito interessante tanto para os promotores, quanto para os investidores que adquirem unidades hoteleiras desenvolvidas neste formato. 

A estrutura é baseada em um bom projeto adequado às necessidades do mercado, desenvolvido com experiência, um gestor de ativos que represente os proprietários, um operador hoteleiro e uma marca no caso de o operador não ser o mesmo que o fornece. Este formato garante a viabilidade e o sucesso do projeto.

Por outro lado, a questão das residências de marca agrega um valor cada vez mais apreciado pelos compradores. Em resumo, como disse, continuaremos a ver esses formatos cada vez mais por muito tempo.

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